29 agosto, 2008

Indagando, buscando, produzindo...

Uma coisa me soa curiosa: andando pelas exposições de arte contemporânea a gente sempre acaba se deparando com autores que realizam seus trabalhos para questionar o que é arte.

Talvez a música não seja capaz de apresentar um conceito de forma tão idiossincrática – até porquê é mais difícil ouvir comentários de um compositor sobre sua música – mas, me pergunto: algo que se propõe uma obra de arte é capaz de se indagar sobre o que é arte ou esse algo está, ele mesmo, vivendo uma crise de identidade?

De fato, para driblar uma crise de identidade (leia-se falta de personalidade), ou se reconhece o fato e espera um sopro de autenticidade ou apoia-se num porto seguro: a imitação ou uma pura alienação (que, hoje em dia, parece ser muito cult...).

Acho que não é a hora de adentrarmos nos questionamentos sobre o que é arte. Mas, faz-se necessário mergulharmos no universo artístico que nos cerca. E, para isso, muito bom seria buscar o conceito do artista e, em contrapartida, desenvolvermos nosso conceito (quanto mais embasado, melhor...) sobre o que vemos e ouvimos. A arte não pode parar no sentimentalismo, numa preferência simplista do tipo “isso sim, isso não”.

Na verdade, a digestão de uma música, de uma escultura, de um filme ou peça teatral se dá na razão, nos porquês e nos portantos. As sensações são apenas reações ao estímulo que se dá nos sentidos. É fato que as reações nos tocam, nos perturbam; mas, a princípio, é só isso que são capazes de realizar. E, no máximo, deixarão apenas uma agradável (ou desagradável) recordação.

Qualquer um pode (e deve!) questionar o que está vendo e ouvindo. Questionar leva ao buscar conhecer melhor; conhecer melhor leva a uma melhor compreensão; compreender é ser potencialmente afetado pelo objeto conhecido; e ser atingido num processo como esse é sempre renovador.

Não afirmaria, como muitos, que a arte está em crise. Mas, até essas questões sobre autenticidade, crise e alienação são capazes de trazer novos horizontes para nosso olhar.

Afinal de contas, estamos no mundo para atingir e sermos atingidos.

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