23 novembro, 2006

Sons e cores

Sabemos que o som é o resultado de um movimento mecânico que se propaga em meios que contenham massa e elasticidade. Mas, na verdade, ele só se torna verdadeiramente som quando chega aos seus ouvidos e entra na sua cabeça.

Ou seja, a música só acontece do seu ouvido pra dentro! Antes de chegar a qualquer membrana auditiva ele é apenas uma energia mecânica!!

Lembro-me do Gabriel, ainda com meses, dançando ao som do despertador ou da máquina de lavar... Me leva a pensar até onde somos perceptíveis aos sons que nos rodeiam? Até onde nossa cabeça e coração estão livres de rótulos e pré-conceitos para ouvirmos algo novo.

A velhice de um coração ou de uma mente está em sua incapacidade de aceitar o novo. Ou de, ao menos, dar uma chance ao novo...

Exercitar a sensibilidade não está apenas em deixar desobstruído o canal auditivo para coisas novas mas, principalmente, desobstruir o canal que leva a arte até o coração.

Não muito diferente funciona também a visão. Roubo por um segundo um comentário de Kandinsky “A cor é um meio para exercer influência direta sobre a alma. A cor é a tecla. O olho é o martelo. A alma é o piano com suas inúmeras cordas. O artista é a mão que faz vibrar a alma do homem segundo o seu capricho, através desta ou daquela tecla”.

Pois as pinceladas que uma música é capaz de dar em nossa alma são igualmente fascinates.

3 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito.
E inspirador.

Beijo pra vc,
Alice

Anônimo disse...

Eu acho uma pena imensa termos todos esses pré-conceitos... inevitáveis, eu sei... mas que devem ser veementemente combatidos... até n nos abrirmos todos à arte... Se andas fissurado no Kandinsky, a minha obsessão é com o Nietzsche... que acreditava que o caminho para a libertação passa invariavelmente pela arte, pela potência criadora...

Ainda bem que temos Eduardo Suliano pra nos inspirar.

Anônimo disse...

Duda, grava este seu texto lindo pro programa da Catedral Music Online. Tô aguardando.