Intimidade, música, vida... sei lá!

O principal requisito para se tocar um instrumento é a convivência com ele. A aptidão vem em segundo mas, sem dúvidas, criar intimidade com o objeto tocante é exigência básica.

E, geralmente, a partir de uma convivência com ele, você adquira um amadurecimento tal para se controlar nos momentos em que não é pra tocar ou que não se exija mil notas em meio compasso de música. E uma boa convivência é capaz dete dar um conhecimento profundo do que o seu instrumento é capaz; o melhor som, os melhores efeitos... somos então capazes de tirar o melhor proveito dele, mesmo que seja um instrumentozinho capenga.

Assim é com quem a gente ama, com os que estão ao nosso redor.

Bem, na verdade o que eu queria dizer é que hoje, plena Sexta-Feira Santa, Pedro, aquele que negou Jesus, é a pessoa que mais esteve presente na minha cabeça.

Não o censuro por negar Jesus. Na verdade, fiquei pensando o quanto aquela convivência com Jesus, amadurecida por tantas e tão variadas experiências, pesou não só no seu remorso, como também na certeza que tinha no amor de Cristo, certeza essa capaz de não levá-lo a tomar a mesma atitude de um Judas arrependido.

Judas certamente teve o mesmo tempo de convivência, mas não a mesma intensidade.

O tempo de rodagem não importa tanto, seja na música ou na vida. O que interessa é a intensidade que a nota carrega consigo, a força de cada acorde, de cada gesto e palavra.

A Semana Santa é uma época em que, por mais que você esteja afastado ou descrente de tudo o que diz respeito ao assunto, perguntas e indagações tentam levantar a voz dentro de nós. Talvez o consciente coletivo, talvez culturalmente,... mas é inegável que algo belisque nossa consciência.

Bem, as vezes dói... mas é sempre bom.